Fretes internacionais: Impacto do aumento para as indústrias farmacêuticas

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A indústria farmacêutica, assim como outros segmentos industriais, vem enfrentando desafios na cadeia logística devido à intensa alta dos fretes internacionais.

Os últimos acontecimentos em escala global contribuem para a alta dos valores no transporte logístico de diversos modais.

O fechamento de portos estratégicos devido à pandemia de Covid-19, imprevistos na rota marítima que causou congestionamento no canal de Suez em 2021, mais recentemente a invasão à Ucrânia, falta de container, entre outros desafios, são exemplos de contribuições para a alta dos fretes internacionais.

A indústria farmacêutica foi protagonista no combate à pandemia e consequentemente a sua produção em larga escala passou a ser ainda mais demandada, gerando altos custos de produção.

Com o efeito cascata que atingiu a cadeia de suprimentos, a importação de insumos passou a ficar mais cara ainda, já que com a falta de container e o fechamento temporário de portos estratégicos os fretes internacionais passaram a ficar mais elevados.

Neste artigo, você vai entender os impactos da alta dos fretes internacionais na indústria farmacêutica, os principais desafios e o cenário para os próximos anos.

Tenha uma ótima leitura!

Fretes internacionais: Entenda o motivo da sua elevação

Em 2020, o mundo foi acometido por uma crise sanitária sem precedentes, causada pela disseminação do novo coronavírus (covid-19). 

O setor da cadeia de suprimentos também já vinha passando por alguns desafios relacionados à alta do dólar e falta de contêineres, que foi agravado pela pandemia e refletiu no aumento mais acentuado dos fretes internacionais.

A corrida pela vacina, insumos e demais medicamentos, foi intensa e demandou estratégia por parte das indústrias farmacêuticas para manter o funcionamento da cadeia de suprimento e o abastecimento.

Em 2021, o cenário se manteve com novos surtos e novas restrições impostas para conter o avanço da pandemia.

Em meio aos desafios já existentes, somou-se um imprevisto em uma importante rota marítima: um navio encalhou no canal de Suez provocando congestionamento de navios e atrasos na descarga e devolução de contêineres.

Todo esse cenário caótico que o comércio exterior vivenciou e ainda vivencia, trouxe impactos financeiros às indústrias que viram os fretes internacionais irem às alturas em pouco tempo.

A demanda dos consumidores por medicamentos, suplementos vitamínicos e outros materiais farmacêuticos durante o período de isolamento também aumentou e entrou em conflito com a baixa oferta de produtos.

Com o avanço da vacinação e a reabertura da economia e portos estratégicos, o supply chain ganhou fôlego para se reerguer.

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Porém, em 2022, um novo desafio: A invasão à Ucrânia pela Rússia trouxe grandes impactos financeiros que atingiram todos os setores que dependem de operações internacionais de importação e exportação, exigindo novas estratégias para controlar a alta do frete e minimizar os impactos na cadeia produtiva.

De acordo com uma pesquisa publicada pela McKinsey, a capacidade logística conteinerizada pode ser definida como o volume capaz de ser processado e transportado pelo sistema a qualquer momento.

Essa capacidade depende da logística do interior e da disponibilidade de equipamentos, capacidade oceânica e disponibilidade de equipamentos e disponibilidade de mão de obra. 

A falta de capacidade efetiva – causada pelo congestionamento em toda a cadeia de suprimentos – é o maior impulsionador do atual aumento nas taxas.

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Indústria farmacêutica e os impactos da alta nos fretes internacionais

Com os fretes internacionais mais caros, a importação de IFAs e matérias-primas também passou a ser realizada de maneira mais estratégica e em sintonia com a gestão de estoque.

Os riscos no comércio exterior existem, assim como em outros setores. 

Porém, com um gerenciamento de riscos eficiente e o apoio de soluções inovadoras voltada à gestão das operações da cadeia de suprimentos, a adequação ao novo cenário pode ser facilitada.

O consumidor final experimentou uma alta inflacionária de 10,89% no preço final do medicamento. 

Reflexo de todos os acontecimentos que vêm acometendo o setor de supply chain, conforme mencionamos anteriormente.

A alta do petróleo fez com que o preço da gasolina disparasse, afetando outros tipos de transporte, como o rodoviário e o aéreo.

Além disso, a alta no valor da energia e no câmbio, também foram fatores contribuintes para o reajuste no valor dos medicamentos aplicada em março/2022.

Durante uma entrevista à Jovem Pan, o presidente executivo do sindicato da indústria de produtos farmacêuticos (Sindusfarma), Nelson Mussolini, explicou sobre o cálculo realizado para o aumento.“Este ano, a recomposição chegou a 10,89%. Ela é calculada com base na inflação, IPCA, mais a variação dos índices intrassetores, que nós temos: energia elétrica e o câmbio”.

Com a alta dos fretes internacionais e os outros desafios, a indústria farmacêutica vem expandindo a sua atuação no Brasil e unindo esforços para depender cada vez menos de matérias-primas vindas de fora.

De acordo com a agência de notícias do Instituto de Ciência Tecnologia e Qualidade (ICQT), além dos insumos farmacêuticos ativos (IFAS) e fretes internacionais, as embalagens também sofreram reajustes que chegam a mais de 100% em determinados casos, como as caixas para bisnagas que chegaram a custar 123,31% a mais em sete meses, por exemplo.

Em entrevista para o ICQT, Mussolini explicou que a alta dos fretes internacionais foi de 10 vezes desde o início da pandemia. Segundo ele, antes da crise sanitária um frete da China para o Brasil custava US$ 1 por quilo de IFA. Agora, as empresas pagam cerca de US$ 10 pelo mesmo quilo importado.

Recuperação

A pesquisa da McKinsey apresenta alguns pontos que podem melhorar o cenário do desequilíbrio entre oferta e demanda no comércio exterior, retornando ao patamar pré-pandêmico em 2019. São eles:

  • Desaceleração da demanda. Choques e demandas reprimidas e/ou inesperadas não devem se materializar, evitando a sobrecarga da cadeia de suprimentos;
  • Operadores logísticos aproveitam a queda na demanda para executar esforços coordenados para desembaraço dos estoques de contêineres
  • Nenhuma outra interrupção externa acontece, como desligamentos de terminais relacionados à Covid-19, impactos climáticos ou desafios trabalhistas.

A expectativa é que as taxas continuem elevadas ao longo da temporada de contratação de 2022 e diminuam após o terceiro trimestre deste ano. 

As taxas de leilão e spot oceânicos podem cair perto dos níveis pré-pandêmicos até o terceiro trimestre de 2022.

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Conclusão

Neste artigo você compreendeu os impactos da alta nos fretes internacionais na indústria farmacêutica, além de entender o cenário atual e futuro para as operações de importação e exportação.

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